Com a detonação de mais de 100 granadas de gás e de efeito moral, mas sem nenhum disparo de armas letais e não-letais, agentes penitenciários conseguiram retomar o Presídio do Carrapicho, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) há uma semana. A operação, porém, foi mantida em sigilo pela Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejus). Longe da Imprensa, os agentes solucionaram de forma rápida – cerca de três horas de operação - uma situação de total descontrole que já durava mais de um ano.
O Presídio do Carrapicho foi o escolhido como alvo da operação dos agentes penitenciários locais que contaram com o apoio de, aproximadamente, 60 homens da Força Integrada Penitenciária de Intervenção (FIPI), subordinada à Diretoria Penitenciária de Operações Especiais, órgão do Ministério da Justiça. A vinda da tropa foi um pedido do governador Camilo Santana (PT), diante da necessidade urgente de retomada da disciplina naquela unidade do Sistema Penal.
O Presídio do Carrapicho conta hoje com cerca de 1.600 presos, que permaneciam “soltos” dentro da cadeia e de onde eram feitas milhares de ligações telefônicas com o uso de centenas de aparelhos celulares nas mãos dos detentos.
Facções e atentados
Foi de dentro do Carrapicho que partiram as ordens de facções criminosas com o PCC e o Comando Vermelho (CV) para os ataques contra unidades policiais, incêndios em coletivos e outros atentados há duas semanas.
A ordem para a retomada do presídio partiu do governador Camilo Santana diante da repercussão negativa em todo o País de imagens mostrando os presos daquela unidade realizando farras e ligando maciçamente de celulares.
Há mais de um ano e meio os agentes penitenciários sequer entravam nas galerias e vivências do presídio. A cadeia estava literalmente nas mãos dos detentos. Não havia sequer a tranca noturna, isto é, o recolhimento dos presos nas celas. Com grades destruídas, os presos só entravam nos xadrezes quando bem quisessem, passando a maioria do tempo perambulando pelos corredores ou nos pátios.
Mais de 400 celulares foram apreendidos depois da varredura feita pelos agentes nas celas da unidade penal. Também foram encontradas drogas e armas.
Por FERNANDO RIBEIRO