No espaço recém-inaugurado, apesar das comemorações pelo acesso a um recurso considerado positivo, um grupo de professoras que trabalha em uma escola nas proximidades da praça sugere que é preciso conexão dessas iniciativas com o entorno. Na próxima semana, outras duas praças devem receber o projeto. A Praça da Areninha do Pirambu e a Praça da Conquista, no Vicente Pinzón.
De acordo com elas, nesse caso, falta articulação do poder público para envolver as pessoas das adjacências e gerar cuidados com o equipamento entregue. "É muito importante para a gente, inclusive porque podemos envolver nossos alunos. Trazer eles para cá também", relata uma das profissionais que preferiu não ser identificada.
Continuidade
Nos últimos anos, iniciativas como o "Ninhos de Livros", com casinhas instaladas em praças e o "Geladeira Compartilhada", que reutiliza aparelhos e dá nova funcionalidade, transformando-os em abrigo para livros, incrementaram a ocupação de praças e vias. Mas, em alguns locais, no decorrer do tempo, as minibibliotecas colaborativas instaladas entre 2015 e 2016, acabaram se deteriorando e os projetos perderam força.
"Perto de onde eu moro tem uma casinha. Na praça da Cidade 2000, eu vejo muita gente usando até hoje. Mas em outros cantos da cidade sei que é difícil manter", conta o estudante Roberto Bruno Magalhães. O universitário passa todos os dias pelo Terminal do Papicu e se depara ainda com outra iniciativa de estímulo à leitura.
O local, desde 2016, assim como os demais terminais de ônibus de Fortaleza, conta com estantes onde usuários podem tanto pegar como deixar livros. Para usufruir do acervo não é necessário cadastro. Após a reposição, feita a cada 15 dias, qualquer passageiro pode ter acesso.
Literatura clássica, Direito, Administração, Filosofia, são algumas das áreas temáticas dos livros disponíveis. "É uma ação muito interessante. Eu sempre vejo que basta colocar e o pessoal pega. Eu não gostava muito de ler, mas depois que entrei na faculdade há uma cobrança maior e eu estou tentando ler mais. E hoje já gosto. Esse espaço no terminal já é conhecido e é bom, mas acho que falta divulgação. Não é só jogar os livros. Tem que fazer divulgação. Explicar melhor. Até para as pessoas entenderem mais", sugere o estudante.
No terminal, a cuidadora de idosos Marlete de Oliveira é uma usuária assídua da estante. Sabe exatamente os dias de reposição e avisa que, após a disponibilização, o acervo "rapidamente vai embora". Essa semana, ela pegou três títulos. Dentre eles, um de filosofia, assunto apreciado por ela. "Há dois anos eu pego livro aqui. Criei um vínculo, um hábito. Mas a pessoa tem que ler e devolver ou trazer outros porque é assim que deve funcionar", ressalta.
O projeto, segundo a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (Secultfor), desde 2016 já compartilhou mais de 150 mil livros. Hoje, diz a pasta, cada terminal recebe 150 livros, a cada reposição para manutenção do projeto. Questionada sobre o êxito da ação, a Secultfor afirma que "o desempenho supera as expectativas da Secretaria". Os interessados em ajudar o projeto podem doar livros na sede da Secultfor, no Centro, e na Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, no Benfica.