SEGURANÇA
presidio
Crime ocorreu durante o horário de visitas na CPPLV, em Itaitinga
FOTO: Arquivo/Diário do Nordeste
A criança de 11 anos de idade violentada no Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), em Itaitinga, no último sábado (13), estava no pátio da unidade acompanhada pelo pai, que também está preso no Cepis, quando por alguns minutos ficou sozinha nessa área com o interno suspeito de cometer o estupro.
Em entrevista concedida ao Sistema Verdes Mares, na manhã desta quinta-feira (18), a mãe da criança contou que o pai da menina havia levado ela e as outra duas irmãs para encontrar o interno (que responde por crimes sexuais), pois o mesmo grafa nomes em objetos dentro da unidade e as crianças estavam com três cofres que seriam dados à professoras na segunda-feira (15) e queriam registrar os nomes das mesmas nos presentes.
Conforme a mãe da vítima, o pai das crianças está no Cepis há cerca de 1 ano e 8 meses e desde então recebe visitas mensais das filhas. “Eu vou todo sábado ou domingo e as elas vão uma vez por mês. A gente sempre fica dentro da cela com ele. No dia que elas vão, ele sempre dá muita atenção a elas”, afirmou.
“Eu vou todo sábado ou domingo e as elas vão uma vez por mês. A gente sempre fica dentro da cela com ele"
Procedimentos
No último sábado, segundo ela, a família entrou na unidade por volta das 12h15min e ficou no local, situado no Pavilhão 6 até às 15h15min, quando o pai das meninas entregou três cofres que seriam dados pelas crianças às professoras. Os cofres, conta a mãe, foram confeccionados por outro interno do Cepis. “Mas quando ele entregou as casinhas de cofre e o baú que elas iam dar para as professoras elas viram que não tinha o nome, aí meu marido falou ‘o pai vai falar com o rapaz para colocar’ e levou elas para o pátio para o cara (suspeito) pintar”, conta.
De acordo com a mãe das meninas, no momento das visitas na unidade prisional, quem recebe visitantes fica dentro das celas. Os demais, que não recebem, ficam no pátio e geralmente “montam casas de pano” para se protegerem do sol. A criança foi violentada em uma dessas cabanas. Enquanto o pai das crianças as levou para o pátio, a mãe diz que ficou aguardando na cela. “Só quem tem visita fica na cela. Quem não tem visita ficam no pátio. Na cela (do marido) tinham mais dois casais que estavam tirando visita e viram que eu fiquei na cela”, relata.
Na área aberta da unidade, o pai das meninas, segundo conta a mãe, teria se distraído conversando com um outro interno, e o suspeito do estupro, que fica no Pavilhão 8, após pintar os dois presentes das crianças menores, teria violentado a terceira criança de 11 anos. “Ela contou que foi muito rápido”. A criança violentada correu para a cela em que mãe estava e relatou o ocorrido. A partir disso, os próprios internos foram “tirar satisfação com o suspeito”.
“Meu marido até chegou a bater nele de tanta raiva que sentiu. Mas os outros presos contiveram ele porque na hora da visita ninguém pode fazer confusão”, conta. O suspeito teria então corrido em direção aos agentes penitenciários, que só após iniciativas dos próprios internos conseguiram perceber o ocorrido e intervir.
“Meu marido até chegou a bater nele de tanta raiva que sentiu. Mas os outros presos contiveram ele porque na hora da visita ninguém pode fazer confusão”
Registro
Encerradas as visitas, o caso, segundo ela, foi encaminhado pelo chefe dos agentes penitenciários no local. A vítima, junto à mãe a as irmãs, foi conduzida à Delegacia Metropolitana do Eusébio e, em seguida, à Perícia Forense. Exames médicos e periciais comprovaram o abuso.
Conforme informações divulgadas pela Sejus, após a ocorrência, o suspeito do estupro já responde por outros crimes sexuais. Já o pai da vítima, diferentemente do informado antes, segundo a mãe da criança, não cumpre pena por nenhum crime sexual, mas sim por assalto à mão armada. Em consulta aos processos eletrônicos do Tribunal de Justiça do Ceará, verifica-se que o pai da vítima é réu em quatro processos por roubo e assalto à mão armada.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Metropolitana de Itaitinga. A reportagem do Sistema Verdes Mares questionou a Secretaria de Justiça (Sejus) sobre a adoção de alguns procedimentos e respostas quanto algumas afirmações da mãe da vítima. Até a publicação desta matéria a Sejus não havia se pronunciado.
fonte DN