Diante da falta de abrigos públicos para os imigrantes venezuelanos, o comerciante cearense Iranildo Lopes, 49, resolveu abrir as portas da própria casa, na periferia de Manaus.
Contando só com recursos próprios e doações de amigos, há quatro anos Lopes mantém na sua laje um alojamento para até dez pessoas. Ele estima ter ajudado 2 mil imigrantes, a maioria venezuelanos.
Muitos deles chegam ali enviados por assistentes sociais de órgãos estaduais e municipais. Além do teto, Lopes fornece gratuitamente refeições nos três primeiros dias. A regra é que fiquem até dez dias.
"Eles chegam com dois, três dias sem tomar banho, sem comida, muito exaustos, em busca de um horizonte", afirma o cearense.
Por causa da falta de oportunidades de emprego em Manaus, o comerciante montou uma linha de produção de dindim, nome amazônico do geladinho. São os próprios imigrantes que fabricam o produto e o vendem nas ruas - toda a renda fica com eles.
Geralmente, a produção é feita de manhã e, à tarde, os imigrantes saem para vender pelas ruas, carregando isopores decorados com as cores da bandeira da Venezuela.
Cada dindim custa R$ 1, mas o preço dobra quando vendem o produto nas praias de rio, durante os finais de semana.
Além do trabalho ambulante, os venezuelanos usam os dez dias para retirar documentos, como a carteira de trabalho, e colocar a vacinação em dia.
"Eu me sinto muito feliz em ajudar o próximo", diz Lopes, sobre a sua motivação. "E me como coloco no lugar deles. É muito difícil o que eles estão passando", finaliza.
fonte DN