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Com 20 quilos adquiridos nos últimos quatro anos, a advogada Luizianne Furtado (31) atribui o excesso na balança a má alimentação, falta de exercício físico e a demais questões relacionadas ao dia a dia, como estresse e ansiedade. Assim como ela, mais da metade da população de Fortaleza está acima do peso, segundo aponta a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada, ontem, pelo Ministério da Saúde. A Capital cearense concentra 56,5% dos casos nessa condição, sendo o quinto pior índice do país e o terceiro pior da região Nordeste.
Em âmbito nacional, o excesso de peso cresceu entre os brasileiros, passando de 42,6% da população em 2006 para 53,8% em 2016. De acordo com o levantamento, a condição atinge mais homens, pessoas com menor escolaridade e aumenta conforme a idade. É considerado com excesso de peso quem está com o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 25 kg/m².
Os números da obesidade também chamam atenção. Na Capital, 20% da população está com IMC igual ou superior a 30kg/m²,ou seja, classificado como obeso, sendo o índice, o nono pior do País. Em todo o Brasil, a obesidade aumentou 60%, passando 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. O indicador também aumenta conforme a idade e a frequência é semelhante entre os sexos, mas chama atenção o fato da prevalência duplicar a partir dos 25 anos. Ter o IMC igual ou superior a 30kg/m² é o indicativo de obesidade.
A condição é apontada pela pesquisa como um dos fatores que pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que piora a condição de vida do brasileiro. Em 2016, 8,2% da população da capital cearense possuia diabetes, diagnóstico que aumentou 61,8% em todo o Brasil entre os anos de 2006 e 2016. Já 22,1% dos fortalezenses estava com hipertensão arterial no ano passado, condição que avançou de 22,5% para 25,7% nos últimos dez anos no País.
Alimentação
Ter hábitos alimentares corretos e praticar exercícios físicos são características determinantes para a reversão desse quadro, mas apesar de ter crescido o consumo regular de frutas e hortaliças no país (passando de 33% em 2008 para 35,2% em 2016), em Fortaleza, apenas 18,1% das pessoas consomem esses alimentos conforme o recomendado, ou seja, ingerindo cinco ou mais porções por dia em pelo menos cinco dias da semana. Já a prática de atividades físicas de forma ideal, o equivalente a 150 minutos por semana, é realizada por 38,9% da população local.
Na luta pela manutenção de uma vida saudável e livre de doenças, o funcionário público Afonso Magalhães, 35, é adepto de atividade física, já tendo perdido 35 quilos. Ainda com excesso de peso, no entanto, revela a dificuldade de manter uma alimentação balanceada. "O mais difícil é abdicar de guloseimas e outros maus hábitos da época da obesidade e nem sempre é fácil encontrar opções saudáveis em todo o lugar", salienta.
Os principais erros alimentares favoráveis ao excesso de peso, segundo aponta a nutricionista e professora do curso de nutrição da Universidade de Fortaleza (Unifor), Nara Parente, passam pelo hábito de comer fora de casa e pela ingestão de alimentos industrializados, ricos em carboidratos e açúcares, aliado, ainda, a redução do consumo de arroz, feijão, legumes e verduras. "E aí basicamente o excesso de peso vem como primeiro fator para desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes, hipertensão e alguns até desenvolvem alteração do colesterol".
O levantamento foi realizado com base em entrevistas via telefone realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas, maiores de 18 anos, de todas as capitais brasileiras.
fonte DN