Quase nove meses após um crime brutal de pistolagem que chocou a população da cidade de Acopiara, na Região Centro-Sul do Ceará (a 340Km de Fortaleza), o caso continua sem solução na Polícia e na Justiça. Os assassinos da jovem Karina Firmino permanecem na impunidade, enquanto a família da vítima chora a sua falta e clama por justiça.
Era noite de 4 de maio de 2016, quando a jovem mãe de um bebê foi atacada de surpresa na porta de casa e covardemente assassinada com vários tiros de pistola, desfechados à queima-roupa. Karina ainda chegou a ser levada até o hospital municipal de Acopiara e transferida para Iguatu, onde faleceu.
Na época, o então delegado-geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, acatou o pedido da família da vítima e decidiu transferir as investigações de Acopiara para a cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri. O inquérito passou, então, a ser tocado pelo Núcleo de Homicídios da Delegacia Regional de Juazeiro. Mas, pouco ou quase nada adiantou. Até agora, nenhum dos implicados no caso – mandantes e executores – sentiu o sabor amargo da cadeia. Estão soltos e impunes.
Indignados e revoltados diante da inércia das autoridades deste Estado, os familiares e amigos criaram uma página no Facebook intitulada “Justiça por Karina Firmino” e é ali que desabafam o sentimento de impotência e indignação diante da inércia policial e judicial.
As investigações iniciais foram reveladoras e seria fácil indiciar os criminosos, caso a Polícia quisesse. Mas, não quis, já que os principais suspeitos são dois integrantes da Secretaria da Segurança Pública: um soldado da Polícia Militar e uma inspetora da Polícia Civil, até então lotada na própria Delegacia da Polícia Civil de Acopiara.
A execução sumária de Karina teria sido ordenada por vingança, pois ela havia tido um caso amoroso com o policial militar casado com a escrivã. Desse relacionado extra-conjugal do PM Karina acabou engravidando e teve o filho poucos meses antes de ser trucidada pelos matadores de aluguel. Recebeu ameaças de morte via telefone e o aparelho foi parar nas mãos das autoridades. Até hoje, o rastreamento das ligações (quebra de sigilo) com as ameaças não deu em nada, se é que foi concluído pela Perícia Forense.
Num ato por justiça, a população de Acopiara foi às ruas numa manifestação que reuniu milhares de pessoas, em busca de uma solução para o caso, com a identificação, indiciamento, prisão e condenação dos matadores. Mas nada disso ocorreu.
Com os supostos mandantes do assassinato sendo integrantes de uma temida família de políticos de Acopiara, o caso tende a ser engavetado e os assassinos ficarão definitivamente impunes pelo não comprometimento das autoridades estaduais em elucidar o caso e punir os matadores.
FERNANDO RIBEIRO.