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Papo sério: A lenda diz que o Rio São Francisco é um rio formado pelas lágrimas de uma índia após seu amor morrer.

Coincidência ou Algo a mais? Uma novela mostra o personagem Santo sendo levado pelo rio e sendo salvo da morte pelos índios. Na vida real, o ator Domingos Montagner é levado pelo rio e morre. Na novela, a sua amada vai lá resgatá-lo. Na vida real ela parece ter sido salva pelo mesmo, antes de sumir no rio. Milhares de pessoas comentarão este assunto e surgirão teorias da conspiração, misticismos, e muita besteira. Coincidência ou Algo a mais? Isso vai render muito. Mas o que podemos concluir disso tudo?

Primeiro dizer que falar de um assunto destes não é tarefa boa, mas essencial quando uma comoção social se forma ao redor, com muitos achismos desencontrados o que ajuda a criar fantasias na cabeça das pessoas. Falar da morte é papel de terapeuta. Então vamos lá. Vão aparecer videntes que “avisaram”, cartas psicografadas dizendo que ele está bem, falas de maldição por terem feito algo contra o rio, outras culpando ele, a prefeitura, a Globo, o PT.


Não entre nestas facetas mórbidas. Morte é morte. Não acredito na “Hora Certa” de morrer, isso seria banalizar a fé, cuidados, prevenção e nos fazer de fantoches. Falamos que “cada um tem sua hora” para tentar aplacar a angustia de saber que não temos o controle de nada. Podemos até ter uma certa programação de morte, mas sem essa de que toda morte tem data certa. Repito – isso é bom para quem escuta e dá um consolo ótimo. Mas é contra a lógica do livre arbítrio e de ação X reação. Acho que Deus nos deixa morrer de acordo com nossos atos, e interfere raríssimas vezes, por motivos que não nos cabe entender. Esta é a verdade divina do dia a dia que podemos ver.

Morremos porque estamos vivos. E morremos aos milhares a cada dia. O Rio São Francisco é motivo de medo e respeito pelo próprio povo. Não é para qualquer um. Sempre achei rio mais traiçoeiro do que mar. Existe uma certa aura de sincronicidade nesta morte. A Lei de Sincronicidade que é definida como uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos. Jung, o criador desta teoria postula que tais coincidências apoiam-se em organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado, eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a ligação entre elas não é causal. Há diversos exemplos dessas coincidências significativas em nosso dia a dia.

Você pode estar pensando em como gostaria de falar com alguém e no mesmo instante o telefone tocar com uma ligação desse alguém. Pode ser que você sonhe com flores no jardim e no dia seguinte recebe um ramalhete como presente. Ou filmar uma cena em que um ator é levado pelo rio, e poucos dias depois isso acontecer. Então podemos tentar falar do assunto por meio de teorias como Karma, Ressonância, Sincronicidade e Lei da Atração. E qual delas é verdadeira? A que nos servir mais para aplacar a dor de uma perda. Apenas.

Que este tipo de tragédia possa nos fazer desgrudar a bunda da cadeira e faze algo pela nossa vida. Que ela nos ensine pela dor que a vida é rara, frágil e esta é a única vida que com certeza você sabe que tem. Se as teorias e evidências estiverem certas você só vai saber depois. Então cuidemos dela. Paremos de colocar nas mãos divinas o que é de nossa responsabilidade. Você aí achando que tem os piores problemas do mundo até que a morte lhe fite e você peça para voltar que vai resolver tudo e não consiga. Ligue agora para alguém que ama e diga. Perdoe o que puder, pague a quem puder. Declare-se. Agradeça e agradeça;

E oremos uma doce prece pela alma do ator, que deixa esposa e três filhos, pela “fatalidade sincrônica” que nunca vamos entender, apenas sentir.

Por Jordan Campos – Terapeuta Clínico.

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