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Governo federal já implantou 469 CVTs no Brasil e o Ceará parou em 38 unidades

O Ceará foi pioneiro no país na criação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT) nos anos 1995 a 2002 quando Tasso Jereissati era governador e Ariosto Holanda secretário de Ciência e Tecnologia. No período foram implantados 40 CVTs no interior para ofertar capacitação a cearenses que, sem tempo de ir para a escola, precisavam aprender uma profissão para o novo mercado de trabalho.
A ideia foi adotada como programa nacional em 2003 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, que até 2016 já instalou 469 CVTs em diferentes estados. Desde 2003, o projeto no Ceará estagnou. Mas avançou nos estados do Rio de Janeiro com 50 CVTs implantados e em Minas Gerais com 130 unidades em funcionamento e mais 30 anunciadas para breve.
Os 40 CVTs cearenses, que foram reduzidos a 38, estão com seus equipamentos sucateados e alguns paralisados por falta de pessoal, com raras exceções como os de Beberibe e Maranguape. O orçamento do Instituto Centec, que mantém os CVTs e as Faculdades de Tecnologia (Fatec) de Juazeiro do Norte e Quixeramobim, foi reduzido de R$ 27 milhões em 2010 para R$ 17 milhões este ano. A maior parte é destinada às Fatecs. Em 2007 a rede CVT capacitou 38 mil pessoas; esse número caiu para 19 mil em 2008 e tem diminuído ao longo dos anos.


O ex-deputado federal Ariosto Holanda informa que, no Brasil, da população de 15 a 64 anos, existem 50 milhões de analfabetos funcionais. Desses, 50% estão no Nordeste, 3 milhões no Ceará e 1 milhão em Fortaleza. É para este público que os CVTs foram criados. Trata-se de uma escola de cunho essencialmente prático voltada para capacitar os analfabetos funcionais para esse novo mercado de trabalho que exige conhecimento. Em pleno século XXI, a população de analfabetos funcionais tende a aumentar, decorrendo daí mais desemprego, alerta.

Como Secretário da Ciência e Tecnologia do Ceará - 1995 a 1998 e de 1999 a 2002 - Ariosto Holanda concebeu esse projeto e implantou 40 Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT) no interior do estado, três Centros de Ensino Tecnológico de nível superior (Centec) e o projeto Infovias do Desenvolvimento. O modelo do CVT padrão tem na sua estrutura laboratórios de informática, física, química, biologia, eletromecânica, língua, vocacional, duas salas de aula, sala de videoconferência, biblioteca multimídia e sala do coordenador e secretaria.

O CVT foi criado com uma equipe mínima de um coordenador, um engenheiro especialista, um engenheiro na área de vocação econômica do município, uma secretária, dois auxiliares de serviços gerais, um porteiro e três vigias. As três últimas funções poder ser patrocinadas pela prefeitura local. O quadro, todavia, foi reduzido a uma ou duas pessoas por unidade para operar a estrutura.
De acordo com Ariosto Holanda, infelizmente a grande maioria dos CVTs está sem o quadro mínimo de pessoal necessário para oferecer suas ações à população. Diante do argumento de que o governo estadual implantou 116 Escolas Estaduais de Educação Profissional, o deputado observa que a iniciativa é louvável, no entanto o público do CVT é outro. Enquanto as EEEPs oferecem ensino formal de nível médio com cursos técnico, o CVT atende ao povão.
Foco no desenvolvimento sustentável
O CVT tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável do município e território onde está situado, com foco no atendimento às demandas de qualificação profissional, organização produtiva e transferência de informação, conhecimento científico, tecnologia e inovação. Essa estrutura procura também atender às demandas tecnológicas de micro e pequenas empresas e empreendimentos produtivos. Para isso, são desenvolvidas atividades relacionadas com a qualificação profissional, a informação e a extensão tecnológica.
O CVT atua ainda na promoção do empreendedorismo e protagonismo juvenil funcionando como um espaço de integração com outras estruturas dos setores produtivos existentes na área de sua abrangência (Prefeitura, Ensino Médio Integrado, Sistema “S”, Federações de classe, CDL, etc). A ação de extensão do CVT se dá na linha da assistência tecnológica com a realização de projetos e consultoria ao público alvo, oferta de serviços de análise nos laboratórios e como local para incubadora de empresas e Arranjos Produtivos Locais (APL).
Através dos laboratórios de ciências, o CVT proporciona aulas práticas laboratoriais na assistência às escolas do município ou região e apoia a realização de feiras de ciências. Alguns CVTs, os do Crato, Barbalha e São Gonçalo do Amarante, oferecem, também, ensino técnico de nível médio.

Outra ação de extensão que constitui a essência do CVT é a capacitação tecnológica com cursos profissionalizantes e cursos do Pró-Ciência com práticas laboratoriais para fixação do conteúdo livresco dado na escola. Uma rede de videoconferência interligava, de início, 20 CVTs. Esta estrutura recebeu a primeira autorização dada pelo Conselho Federal de Educação no país para funcionar com a oferta de ensino à distância.

Daí foi criada a Universidade Aberta do Brasil (UAB) pelo Ministério da Educação, que oferta cursos à distância de graduação e técnico de nível médio. Hoje, funcionam cursos da UAB nas salas de videoconferência dos CVTs de Aracoiaba, Beberibe, Boa Viagem, Brejo Santo, Campos Sales, Maranguape, Missão Velha e Piquet Carneiro. O CVT é também a Universidade no município, com cursos de graduação da UFC, UECE e IFCE, disse Ariosto Holanda.

Outro braço do CVT, segundo o ex-deputado, é o de prover informação tecnológica à população. A ação se dá através da internet, serviço de tira dúvidas no modelo de um banco de soluções para problemas do setor produtivo, biblioteca multimídia e pontos de negócios (trade pont) para acesso ao mercado externo pela internet.

Proposta para o governador

No intuito de fortalecer o CVT e colocar sua estrutura a serviço das três áreas de ação prioritárias do governo do Estado - água, saúde e segurança -, a pedido de Ariosto Holanda, o Instituto Centec preparou uma proposta a ser apresentada pelo ex-deputado ao governador Camilo Santana. Porém o encontro para discutir o tema ainda não chegou a ser agendado, apesar de proposto.

A rede de CVT, conforme a proposta, pode contribuir com cursos de capacitação para formar Agentes Orientadores de Gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Agentes Rurais de Tecnologias para Uso Sustentável dos Recursos Hídricos e de formação em Agroecologia, todos relacionados à água. Na área de saúde, é proposta a realização de cursos de Qualidade no atendimento em Saúde, 
Uso de fitoterápicos para profissionais da área de saúde, formação do Cuidador de Idosos, de Primeiros Socorros e a formação de requalificação Cuidando do Cuidador. Na área de segurança, são propostas capacitações em cursos profissionalizantes e de empreendedorismo para presidiários, egressos do sistema penitenciário e seus familiares, oficinas de inclusão sócio-digital para jovens (PISD) e de integração de ações sobre drogas.

Na linha de assistência tecnológica relacionada à temática da água, é proposta a implantação do programa para uso racional e monitoramento de ações sobre o uso da água e iniciativa de prevenção de doenças e promoção da saúde através das análises das amostras de águas nos municípios de atuação dos CVT.

Na área da saúde, o CVT é indicado como base para a implantação do Programa de Geração de Saúde pela Educação (PROGESE), proposto pelo médico Mariano de Freitas e de cunho preventivo, para fazer a integração de ações de combate ao Aedes aegypti e para a produção de fitoterápicos destinados ao combate a doenças mais comuns. Na área de segurança, a proposta é de integração de ações sobre drogas partir dos laboratórios dos CVT.

Na linha de assistência à escola, são propostas a implantação do programa para uso racional e monitoramento de ações sobre o uso da água e ação de prevenção de doenças e promoção da saúde através das análises das amostras de águas nos municípios de atuação dos CVT. Na linha de informação tecnológica, são propostas a implantação de ações difusora de tecnologias sobre o uso racional de água e difusão de informações sobre a veiculação de doenças hídricas, a partir de oficinas com acesso a internet nos CVT.
Na periferia de Fortaleza e distritos rurais
O parlamentar propôs e o então governador Cid Gomes encampou o projeto de implantação de sete Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) em bairros da periferia de Fortaleza. Na ação, o então deputado colocou R$ 1,8 milhão de emenda e o governo do Estado R$ 1,48 milhão na Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), que opera os CITS desde 2009.
Como não via espaço no governo do Ceará para a expansão da rede de CVTs no interior do estado, Ariosto Holanda apresentou ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) proposta de implantar pequenos CVTs nos distritos rurais, os Centros de Inclusão Digital (CID). O IFCE, com recursos de emendas. do deputado, implantou 50 CIDs, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), considerados hoje o maior programa de extensão dos institutos federais de educação.




Fonte: Tv Jaguar / Flaminio Araripe

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