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Declarações de Socorro França revelam que CGD teve que negociar a"liberação" de testemunhas para depor sobre a chacina de Messejana


Socorro França negou ter ocorrido uma negociação da CGD com traficantes para liberar testemunhas
Um áudio que “vazou” nas redes sociais nas últimas 24 horas causou uma polêmica em torno da procuradora de Justiça e atual controladora-geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD), Socorro França. Na gravação, em entrevista a um repórter, ela diz que foi necessária uma intervenção para que testemunhas fossem “liberadas” para prestar depoimentos na CGD sobre a chacina de Messejana.
Ao ser indagada sobre o resultado da investigação sobre a chacina, a procuradora disse que “sem dúvidas, houve sim dificuldades. A dificuldade foi trazer as pessoas aqui. Foi necessário que nós ouvíssemos aqueles que dizem que dominam a área, para poder liberar as testemunhas para vir até aqui”.
Supostamente, as pessoas as quais a procuradora se referiu como “aqueles que dizem que dominam a área” seriam os traficantes que controlam a venda de drogas nos bairros Curió, Lagoa Redonda e do Conjunto São Miguel (na Grande Messejana), onde a chacina aconteceu na madrugada do dia 12 de novembro do ano passado, deixando 11 mortos e sete feridos.
Mal-Entendido
Mas, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, na edição desta terça-feira (14/6), Socorro França desmente tal versão afirmando que, “eu jamais permitiria que uma delegada fizesse acordo com traficante. Jamais se faria este tipo de negócio. Houve um mal-entendido”.
E continua: “Eu disse apenas que  as pessoas (testemunhas) tinham de ser liberadas pela própria comunidade, pois (elas) não confiavam em nós. Fizemos duas audiências públicas lá dentro do Curió e ninguém da comunidade quis ir depor. Posteriormente, quando começaram a ver que estávamos  fazendo a coisa (a investigação) com seriedade, coma certeza de que iríamos efetivar esse assunto, começaram a ir (depor)”.
A corregedora-geral ressaltou, ainda, que, “E mesmo assim, não foi a colheita de testemunhas que nos levou aos indícios. Todas as provas foram colhidas através das perícias”, concluiu.
Executados nas ruas
A chacina, segundo investigações da CGD, teria ocorrido como uma represália pela morte de um policial militar na noite anterior à madrugada da matança. Ao fim da apuração pela Controladoria, 38 PMs  e ex-PMs foram indiciados. O caso foi remetido ao Ministério Público e os promotores incluíram mais sete suspeitos, totalizando 45 policiais, sendo dois oficiais e 43 praças (soldados, cabos e sargentos da ativa e da Reserva). Os nomes deles estão em sigilo.
Os 11 assassinatos ocorreram quando policiais invadiram residências nos três bairros e retiraram as vítimas de dentro delas e fuzilaram no meio da rua. 
Veja a lista dos mortos na chacina:
1 – Antônio Inácio Álisson Cardoso
2 – Jardel Lima dos Santos
3 – Alef Sousa Cavalcante
4 – Marcelo da Silva Mendes
5 – Patrício João Pinho Leite
6 – Jandson Alexandre de Sousa
7 – Francisco Elenildo Pereira Chagas
8 – Valmir Ferreira da Conceição
9 – Pedro Alcântara Barroso Filho
10 – Marcelo da Silva Pereira
11 – Renaylson Girão da Silva
Ouça o áudio com as declarações da procuradora Socorro França:
blog Fernando Ribeiro.

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