A Secretaria dos Recursos Hídricos afirma que, apesar da seca no Estado, não haverá redução de água para as indústrias localizadas no Cipp
Enfrentando o quinto ano consecutivo de seca, o Ceará, apesar das fortes chuvas nos últimos dias, sofre com a escassez de água. Um dos setores que vem sentindo diretamente este impacto e se preocupa com a situação é a indústria. Reaproveitamento e reúso da água, além de projetos para promover o consumo consciente e verificação constante das instalações hidráulicas, estão sendo adotadas por empresas localizadas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em São Gonçalo do Amarante.
Atualmente, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) tem 100% da demanda da siderúrgica abastecida pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Segundo a CSP, nesta fase final de construção, o consumo de água ainda não atingiu o previsto para a operação normal, que é de 0,6 m³/s, com potencial de redução para 0,45m3/s a partir da implantação do Projeto Descarte Zero.
Como alternativa para a escassez de água no Estado, a siderúrgica afirma que possui tecnologia de ponta projetada para o consumo eficiente de água e investe em projetos para aperfeiçoar o reúso de água, bem como alternativas de suprimento.
Em parceria com o governo estadual e outras empresas da região, estuda outras formas viáveis de obtenção de água, como a dessalinização da água do mar e de poços profundos.
A Wobben Windpower consume cerca de 15.000 m³ de água e, desde o início da operação, utiliza poços profundos e faz 100% de tratamento da água na própria Estação de Tratamento de Água (ETE) e reutiliza para regar os jardins.
Segundo a gerente geral da Wobben, Ludmilla Campos, além de trabalhos de conscientização dos colaboradores, a empresa toma outras medidas como verificação permanente das instalações hidráulicas.
A CSP afirma que toda a água utilizada no processo siderúrgico recebe tratamento, tanto químico como físico, adequado à sua aplicação nas diversas áreas operacionais. Antes de ser descartada, é tratada em duas plantas de tratamento de efluentes.
A companhia prevê que 96% da água consumida serão recirculados e reaproveitados durante o processo industrial. E já estuda a possibilidade do reúso da água ao invés de descartá-la.
Transposição
Para os próximos anos, a CSP está buscando assegurar o suprimento de água pela Cogerh, acompanhando suas ações na gestão dos reservatórios e também na transposição do Rio São Francisco. A Cogerh também esta desenvolvendo estudos para o aproveitamento de água subterrânea para ser injetada no último trecho do Eixão das Águas, melhorando a segurança hídrica do complexo industrial.
"Diante da perspectiva de outra quadra chuvosa abaixo da média para 2016, a Cogerh e a SRH vêm tomando várias medidas para garantir o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como a instalação da quinta bomba e de novos transformadores na Estação de Bombeamento do Castanhão; a recuperação da Estação de Bombeamento Pacoti Auxiliar; a intensificação da fiscalização do uso da água; construção da Adutora de Montagem Rápida para São Gonçalo do Amarante", informa o diretor de planejamento da Cogerh, Ubiraja Patrício.
Construções de poços
A Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) afirma que não haverá redução de água para a Cipp e que desenvolveu, por meio da Cogerh, estudos no aquífero dunas na região entre o Pecém e Paracuru. E que poços serão construídos nestas regiões, após a finalização dos estudos geofísicos. A secretaria ainda negou que água da Cipp interferiu no abastecimento da comunidade local. O levantamento, feito na área do litoral cearense, apontou potencial para atender parte das demandas do lado oeste da RMF. De acordo com a SRH, isso poderá possibilitar uma economia das reservas dos açudes que abastecem a Capital.
Para o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, o trabalho mostra possibilidade de captação de água através de perfuração de poços na área, o que pode atender parte das demandas da zona Oeste da RMF, aliviando o sistema que abastece Fortaleza.
Volume e demanda
A demanda atual do setor industrial em todo o Ceará é da ordem de 3 milhões de m³ de água ao mês, de acordo com a Cogerh. A Bacia hidrográfica onde existe o maior consumo de água para a indústria é a Bacia Metropolitana, seguida pela do Baixo Jaguaribe, Acaraú e Salgado. "Em torno de 10% são para abastecimento industrial", declara Patrício.
Ele considera que o setor industrial já utiliza água de forma bastante otimizada, o consumo varia de acordo como o tipo de indústria e muitas já trabalham com o reúso de água e complementam o abastecimento com água subterrânea.
"Na atual situação, em que o Ceará enfrenta o quinto ano de seca, as indústrias podem e devem colaborar com o uso racional da água", acrescenta.
DN