Uma investigação da Polícia Civil resultou na descoberta de um esquema de compra e venda de dinheiro falso por meio da internet. Pela rede social Facebook, um homem comprava e vendia notas de dinheiro falsificadas. No último dia 3, policiais civis entraram em um condomínio situado na Rua Desembargador Praxedes, no bairro Montese, com a autorização da dona do prédio. No corredor de uma das casas os inspetores encontraram o suspeito e, dentro da casa dele, encontraram 384 cédulas falsas de R$ 100,00 e seis de R$ 50,00, totalizando R$ 38,7 mil.
Após a descoberta, o suspeito identificado como Luiz Eylo Lima de Oliveira foi levado à sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Fortaleza. Autuado em flagrante pelo crime de compra e venda de moeda falsa, o homem teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pelo juiz da 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará, Danilo Fontenelle Sampaio. A investigação que era da Polícia Civil ficou a cargo da PF.
O que os agentes federais pretendem descobrir é qual a extensão da rede criminosa que vendia moeda falsa pela Internet. Além disso, o homem teria ligações com o narcotráfico. A apuração também deve se estender para a atuação dele, nesse tipo de crime. A reportagem tentou contato com a PF, por meio da Assessoria de Comunicação, para saber o andamento da investigação, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Em depoimento, Luiz Eylo disse que conseguiu o dinheiro falso em um grupo no Facebook. Revelou que adquiria cinco moedas falsas por uma verdadeira. A encomenda saía de São Paulo e chegava ao Ceará pelos Correios sem levantar suspeitas. De posse da mercadoria ilegal, ele revendia três notas falsas por uma verdadeira. Luiz Eylo disse que a entrega era feita pessoalmente.
O acusado disse ainda que comprou o dinheiro falso com a venda de pequenas quantidades de moedas falsas que havia adquirido. O homem confessou que a negociação já havia se repetido outras cinco vezes.
O esquema era sempre o mesmo: usando um perfil falso no Facebook, ele fazia as encomendas e depositava o dinheiro em uma conta corrente. Recebia pelos Correios e repassava.
Durante o depoimento, Luiz Eylo não revelou quem vendia o dinheiro ou o responsável pela fabricação da moeda falsa. No entanto, disse já ter sido apreendido quando era adolescente por furtar um celular. Revelou ainda ter feito transporte de entorpecentes para um homem conhecido apenas como Gustavo, que mora no Rio Grande do Norte. Luiz Eylo contou ter atuado como 'mula' por duas vezes, mas só apanhava a droga e trazia para Fortaleza e não sabia quem era o fornecedor de entorpecente para Gustavo.
Após a autuação em flagrante, a delegada de Polícia Federal representou pela prisão preventiva do indiciado. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a conversão da prisão em flagrante em preventiva, para garantir a "ordem pública e a econômica".
Conforme o MPF, "no depoimento do próprio flagranteado, há fortes indícios de que este voltará a delinquir se permanecer em liberdade, uma vez que envolto em uma rede criminosa afeita à prática de crimes de moeda falsa e tráfico de drogas, sendo certo também que a expressiva quantia de moeda falsa apreendida revela enorme risco à ordem econômica, uma vez que o flagranteado já introduziu moedas falsas no mercado e poderá, dada a sua rede criminosa, fazê-lo novamente".
Defesa
A defesa do Luiz Eylo, representada pelo advogado Ilonius Máximo Ferreira Saraiva, ingressou com pedido de liberdade junto ao Juízo da 11ª Vara da Justiça Federal. Conforme Máximo, o cliente dele é primário, tem residência fixa e trabalha como vendedor em uma loja de roupas. O advogado afirmou ainda que Luiz Eylo "não é do mundo do crime". A defesa disse que vai aguardar a apresentação da denúncia do MPF para só então ingressar com novo pedido de liberdade.
O réu está recolhido desde o início deste mês no Centro de Triagem e Observação Criminológica do Ceará, localizado ao lado da Unidade Prisional Desembargador Adalberto Barros de Leal (antiga CPPL do Carrapicho), no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Ao analisar os autos, o juiz Danilo Fontenelle Sampaio indeferiu o pedido e manteve a prisão preventiva de Luiz Eylo.
Decisão
Em sua decisão, publicada no Diário da Justiça Federal, do último dia 10, o magistrado afirmou que, "inexistem nos autos quaisquer documentos idôneos comprobatórios do afirmado labor, não se prestando para tanto a declaração ali apresentada (sem prova sequer da existência da empresa e tampouco de seu efetivo funcionamento)".
Danilo Fontenelle ressaltou ainda que, de acordo com as próprias afirmações do réu, quando foi ouvido durante a prisão em flagrante, ele "teria como atividade habitual 'encomendar' moedas falsas e recebê-las, vendendo-as para 'contatos', aos quais entregava as cédulas contrafeitas pessoalmente, para serem colocadas em circulação, além de repassar droga que receberia de pessoa do Rio Grande do Norte".
O titular da 11ª da Justiça Federal destacou a expressiva quantidade de cédulas apreendidas em poder de Luiz Eylo. Por fim, disse ser evidente a necessidade de manutenção do decreto da custódia cautelar do réu, "por conveniência da instrução criminal e para garantia da ordem pública, não se mostrando suficientes e adequadas as medidas cautelares", afirmou.