O fato de 2015 ter sido o quarto ano consecutivo de seca, com início tardio do período chuvoso, e a centralização das poucas chuvas nas regiões do litoral, que não são as maiores representantes da produção de grão no Estado, foram as razões apontadas pelo instituto para explicar o baixo resultado no Ceará. As perspectivas para a produção deste ano só devem ser reveladas no início de fevereiro.
Cereais, leguminosas e oleaginosas sofreram redução da ordem de 17,99% em relação à previsão inicial. Apenas o feijão-de-corda de primeira safra e o milho (grão) apresentaram uma área colhida maior que o ano anterior.
O incremento é explicado pela necessidade do autoconsumo humano e animal, aliado aos incentivos governamentais.
Mesmo assim, devido às condições climáticas, os rendimentos foram menores que em 2014.
Fruticultura
Já em relação às frutas frescas, todos os produtos que compõe o grupo, exceto a uva, apresentaram redução em relação à safra esperada no início de 2015.
A produção total obtida foi de 817.402 toneladas, uma queda de 37,04% em relação ao prognóstico de janeiro (1.298.199 t) e de 36,48%, comparando-se à safra 2014 (1.286.766 t).
A produção de melão e melancia, dois importantes produtos para exportação, também foi afetada. Houve uma redução de área como estratégia para otimizar a água disponível, mas, com a gravidade da situação hídrica, o rendimento foi afetado.
Outro problema foi que a seca favoreceu o aparecimento de pragas - com a pouca disponibilidade de alimento, os insetos atacam as áreas verdes do cultivos.
O melão acabou perdendo a liderança na participação da safra 2015 para a banana irrigada, que apresentou crescimento em relação à produção do ano passado devido à incorporação de novas áreas ao processo produtivo.
Ainda com este aumento, o rendimento da banana foi menor que o obtido em 2014, também afetado tanto pela escassez de água para a irrigação como pelas elevadas temperaturas registradas no ano.
Tubérculos e raízes
Segundo o estudo, a batata-doce, apesar de estar sendo muito ser muito demandada, apresentou uma redução de 35,37% na produção comparando-se à safra esperada no início deste ano (25.053 t) e 27,16% em relação à produção de 2014 devido às condições climáticas.
Já a mandioca de sequeiro apresentou menor produção em 2015, uma vez que, além da escassez de chuvas, houve ainda o desmembramento da raiz em "mandioca" e "macaxeira". Foram obtidas 336.294 toneladas, uma redução de 49,62% em relação ao primeiro prognóstico (667.479 t) e 28,11%, em relação à safra efetivamente obtida em 2014 (467.783 t).
A mandioca irrigada, como todos os produtos irrigados, também foi afetada pela pouca água disponível para a irrigação, além de ter sido desmembrada em macaxeira irrigada. Por isto, foram obtidas 4.345 toneladas, o que significa uma safra 60,06% menor que aquela obtida em 2014 (10.880 t) e menor 64,98%, comparando-se à expectativa no início de 2015 (10.880
t).
Brasil
Em situação oposta à do Ceará, a safra brasileira de grãos em 2015 chegou a 209,5 milhões de toneladas em 2015 e bateu recorde, superando em 7,7% a produção de 2014 (194,6 milhões de toneladas).
Em 2016, a previsão divulgada pelo IBGE é que o País colha 210,7 milhões de toneladas, superando em 0,5% a produção do ano passado.
Diário do Nordeste