> Sertão Central vive outra situação
De acordo com o meteorologista do órgão, Raul Fritz, as precipitações, provocadas pela ação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), comum nesta época do ano, continuam. O fenômeno deve seguir atuando nos próximos dois dias. "A previsão é de chuva com variada intensidade em todas as regiões do Estado", acrescenta Fritz.
Historicamente este fenômeno tende a iniciar em dezembro e permanece até janeiro. Neste ano, as chuvas de dezembro foram quase nulas, porém, estão intensas neste mês. No entanto, apesar das últimas precipitações, não podemos relacionar com a possibilidade de um bom inverno", explica. Fritz lembra que, há quase uma década, as chuvas de janeiro ocasionadas pelo VCAN foram significativas e, nos meses seguintes, não houve continuidade.
O meteorologista pede, portanto, cautela quanto às previsões para os próximos meses. Segundo ele, as chuvas das últimas semanas não possuem ligação com a quadra, que vai de fevereiro a maio. "Não podemos afirmar se vai haver ou não continuidade das chuvas", disse. A Funceme divulgará, no próximo dia 20, o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa de 2016.
Na sexta-feira (8), foram registradas chuvas em 112 pluviômetros monitorados pela Funceme. A terceira maior chuva em números de municípios ocorreu no dia 7. Foram 99. Ontem, até às 14 horas, última atualização oficial do dia, havia registro em 60 cidades. Nesta primeira quinzena, o maior desvio histórico positivo foi registrado em Tauá, com 115,6%. São 73,7mm de chuvas. Granja tem o maior volume pluviométrico acumulado nesse período, 203mm, com desvio positivo de 41,7%.
Reserva do Estado
As chuvas dos últimos dias, entretanto, não foram suficientes para aumentar o volume nos reservatórios do Estado, que apresentam o pior nível acumulado das duas últimas décadas. O índice atual é de apenas 11,9%, quase meio ponto percentual abaixo do índice apresentado há 10 dias, que era de 12,2%, conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Entretanto, conforme o assistente da presidência da Cogerh, engenheiro agrônomo Geianni Lima, alguns açudes dos Inhamuns, com as primeiras chuvas do ano, começaram a repor o seu volume. É o caso do Arneiroz. Nos últimos dias, recebeu 1 milhão de litros. Outro açude da região, o Flor do Campo, em Novo Oriente, 600 mil metros cúbicos; e o Colina, em Quiterianópolis, 200 mil. Nos três municípios, a situação ainda é muito crítica.
A barragem Caldeirões, em Saboeiro, também nos Inhamuns, é exceção. Com as últimas chuvas, de 125mm, o reservatório recuperou mais de 40% do volume. Com capacidade para 1,13 milhões de m³, está atualmente com 600 milhões. "Continuando esse quadro, de chuvas localizadas, poderá ser o primeiro a sangrar neste ano no Estado", avaliou Lima.
Outro fator positivo apontado pelo representante do órgão estadual responsável pelo gerenciamento dos açudes públicos do Ceará está relacionado ao volume hídrico total, continua estável, com 11,9%, por conta das últimas chuvas, e da nebulosidade dos últimos dias encobrindo praticamente todo o Estado.
Dos 153 reservatórios monitorados pela Cogerh, 136 ainda estão com volume inferior a 30%. Apenas cinco estão com capacidade acima dos 50%. O melhor quadro é do Gavião, nos municípios de Pacatuba e Itaitinga, com 82,16% da capacidade total. A maior parte dos açudes está com volume abaixo de 9%. O terceiro maior do Ceará, o Banabuiú, está com apenas 0,51%.
Fique por dentro
28 açudes atingiram o volume morto
Atualmente o nível dos reservatórios do Estado está em 11,9% da capacidade. Dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), no Ceará, 139 estão abaixo de 30%. Deles, 28 atingiram o volume morto:
Amanary, Angicos, Barragem do Batalhão, Canafístula, Capitão Mor, Carão, Castro, Catu Cinzenta, Cipoada, Colina, Ema, Flor do Campo, Fogareiro, Forquilha, Gerardo Atimbone, Jatobá II, Martinópole, Mons. Tabosa, Monte Belo, Parambu, Patos, Penedo, Pentecoste, Poço da Pedra, Poço do Barro, Pompeu Sobrinho, Realejo, Riacho da Serra, Riacho do Sangue, Santo Antônio, Santo Antônio de Aracatiaçu, Santo Antônio de Russas, São José II, Serafim Dias, Sítios Novos, Tejuçuoca, Trapiá II e Várzea da Volta
Mais informações:
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme)