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Impeachment. O que influenciará os deputados

As contas estão sendo feitas. Governo e oposição se articulam para somar forças já na primeira batalha do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). A primeira queda de braço já ocorre na comissão especial da Câmara dos Deputados que terá seus integrantes anunciados amanhã. Dos 65 nomes, o governo detém ampla maioria, ao menos teoricamente. A oposição, dividida e desarticulada, apresenta minoria.

No entanto, um levantamento feito pelo O POVO.dom indica que um percentual representativo de parlamentares pode atrapalhar os planos do PT de resolver a pauta o quanto antes. A maioria expressiva na Câmara dos Deputados e no Senado Federal não foi suficiente para evitar inúmeras derrotas sofridas pelo governo no primeiro ano da segunda gestão Dilma. A infidelidade de partidários governistas, somada às pautas patrocinadas por Eduardo Cunha com o apoio da oposição, obrigou o governo a realizar reforma ministerial, há pouco tempo, para voltar a vencer as votações no Congresso Nacional. Por diversas vezes também a oposição perdeu votações importantes por infidelidade de deputados teoricamente contra o governo.

As vitórias nas últimas semanas, quando manteve-se os vetos mais importantes da presidente e aprovou-se a nova meta fiscal, tem tornado o Palácio do Planalto mais confiante para enfrentar o momento mais difícil do governo. Momento esse em que há concretamente a possibilidade da presidente reeleita há pouco mais de um ano perder o mandato e os direitos políticos pelos próximos oito anos.

Pelas contas prévias feitas pela reportagem, pelo menos 1/4 de deputados governistas e os chamados independentes, que devem compor a comissão, podem passar para o lado oposicionista na batalha, assim como se viu ao longo deste ano de 2015. Da mesma forma, a depender da conjuntura momentânea, deputados da oposição podem surpreender e votar com o governo, como já foi visto neste ano.

A cúpula governista, apesar da confiança do momento, sabe dos riscos e por isso trabalha para agir rápido. Diversas reuniões entre as lideranças partidárias do governo e suas bases marcaram este fim de semana para definir os titulares e suplentes da comissão especial. O maior receio de petistas é contar com um número alto de infiéis pelo lado do PMDB principalmente. PSD, PRB, PTB, PP e PSB ainda não se pronunciaram formalmente sobre o lado que estarão nesse processo na Casa. Ainda nesta semana, relatoria e presidência devem ser escolhidas pelos membros.

Indecisos
Membro suplente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Odorico Monteiro (PT) reconheceu o problema que o governo vai ter de enfrentar nos próximos dias. “Há deputados que têm essa conduta (infiel) o tempo todo, inclusive em votações estratégicas do Governo Federal”. Odorico, no entanto, fez questão de destacar as últimas vitórias do governo perante a oposição, principalmente à do PLN que alterou a meta fiscal do governo. (Colaborou Jéssica Welma)

Frases: 

“A abertura do processo é legal e constitucional. Agora, eu não vou prejulgar ninguém” Danilo Forte, deputado federal pelo PSB - partido colocado como independente

“A comissão tem uma grande responsabilidade. Vale muito mais a prudência”
Arnon Bezerra, deputado federal pelo PTB - partido da base governista

“É preciso ter acesso aos autos para fazer o juízo. Vai ser tudo analisado”
Ronaldo Martins, deputado federal pelo PRB - partido da base governista

O POVO

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